sexta-feira, 20 de abril de 2012

'Vocês vão ter de me engolir (de novo)'


Engolir o Zagallo de novo: que dureza

Já ouvi relatos de jornalistas mais velhos que, durante a cobertura de copas do mundo até os anos 1980, jornalistas do Rio de Janeiro e de São Paulo mal se falavam. Em 1974, os jornalistas paulistas criticavam Zagallo, técnico da seleção na Copa da Alemanha, até debaixo d´água. Os cariocas, o contrário.

Felizmente as coisas costumam evoluir e essa questão o jornalismo diluiu. É raro hoje ouvir coisas do tipo "existe um complô em favor dos times cariocas ou paulistas" da imprensa, ou mesmo dos torcedores mais geraldinos. Mas aí, quase 40 anos depois, Zagallo entra de cabeça em discussão similar: ele quer ser um dos vice-presidentes da CBF indicados pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro, a Ferj - confirmou a candidatura nesta quarta 18. Seria uma tentativa desta última de amenizar a influência da Federação Paulista de Futebol, a FPF, que já tem o presidente José Maria Marin e o novo candidato a vice, Marco Polo del Nero, que é quem manda no futebol de São Paulo.

Aos 80 anos, Zagallo se empolgou com a ideia. O que é um erro, claro.

Disse Zagallo: "Esta é minha última oportunidade de levar o Brasil ao seu hexacampeonato. Eu iria colaborar muito pela experiência que eu tenho. As coisas burocráticas eu vou estar lá acompanhando, aprendendo, mas eu estou pensando mesmo é na seleção brasileira. Vocês vão ter que me engolir de novo".

O fato é que o Velho Lobo não é mais engolível já há muito tempo. Lembremos que, como coordenador-técnico da seleção na outra Copa da Alemanha, em 2006, Zagallo foi um figurante constrangedor. Suas únicas preocupações naquela campanha da seleção que entrou para a história como uma grande colônia de férias de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e companhia foram: 1) falar cansativas frases de impacto o tempo inteiro; 2) trocar camisas do Brasil com jogadores adversários, o que nos gerou situações constrangedoras como esta.

Não que eu seja a favor de del Nero na CBF. Porém, imagine se o Zagallo chegue à CBF junto com o Marin. Teríamos dois fantoches nas cabeças da política nacional: o primeiro, da Federação Paulista. O segundo, da Federação do Rio. O que isso traria de benefício ao futebol brasileiro? Rigorosamente nada.

O que mais constrange é que essa é a próxima "grande batalha" na entidade que rege (RISOS) o futebol nacional. Portanto, não é que estamos indo na direção errada: simplesmente não estamos indo em direção nenhuma.

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