sábado, 28 de abril de 2012

BNegão chega ao segundo discoem busca de sintonia

Os óculos de aros grossos e
lentes escuras escondem um pouco
as olheiras de BNegão, assim que
ele chega ao restaurante em Santa
Teresa. O prato do dia é "Sintoniza
lá", o segundo disco do rapper com
sua banda, Os Seletores de
Frequência - Pedro Selector
(trompete), Robson Riva (bateria),
Fabiano Moreno (guitarra) e Fabio
Kalunga (baixo) -, que o
acompanha há mais de uma década
e já está lá, ocupando uma mesa.
Mas a entrada é mesmo a insônia
que o acompanha há muito mais
tempo.- Volta e meia tenho ataques
de insônia, e nem sempre é insônia
criativa. É não conseguir dormir
mesmo - conta ele. - Isso acontece
comigo desde moleque. No colégio,
quando eu estudava cedo, minha
carteira era toda anotada com
atrasados. Acho que foi o que me
levou a ser músico. Era isso ou ser
vigilante.
Projeto Cordão da Insônia
Enquanto se delicia com a ideia de
ter oito horas de sono seguidas
("Isso seria um sonho", diz),
BNegão vai lidando com o assunto
com bom humor. Ao lado de Céu,
Curumin e Anelis Assumpção, ele
faz parte do projeto Cordão da
Insônia, uma banda sazonal, que só
fez três shows até agora ("Acho
que o único insone de verdade ali
sou eu"). "Cordão da insônia" é
também uma música de "Vagarosa",
o segundo disco de Céu, lançado
em 2009, que conta com a
participação de BNegão. A cantora
retribui com vocais de apoio na
faixa que abre e dá título ao disco
do rapper, cujo CD chega às lojas
no dia 25 de maio, via Coqueiro
Verde, mas já está à venda, em
formato digital, no iTunes desde
ontem.
- Foi só uma gentileza da Céu,
depois que fiz aqueles sussurrinhos
malucos no disco dela - simplifica
ele.
Uma orgânica e bem resolvida
mistura de rap, dub, afrobeat, funk
e rock, "Sintonize lá" é o segundo
disco de BNegão - o primeiro foi
"Enxugando gelo", encartado na
revista "Outracoisa", de Lobão, em
2003 - e aquele com o qual se
espera que o ex-integrante do
Planet Hemp e do Funk Fuckers
consiga atingir com o público a
mesma popularidade que possui
entre artistas como Otto, Wilson
das Neves, Yuka, Mundo Livre,
Autoramas e Matanza, com os quais
tem parcerias. Ele reconhece que,
de tanto participar de discos e
shows dos outros, acabou
perdendo um pouco o foco de sua
própria carreira.
- Eu me superpopulei nos palcos
nos últimos tempos - brinca, sobre
o fato de ter se tornado uma figura
fácil e querida nos palcos alheios. -
Apesar de ter sido ótimo para a
minha evolução, isso fez com que o
público não soubesse mais o que
era um show meu e o que era
apenas uma participação especial.
Mas agora vou me concentrar
apenas no trabalho com os
Seletores.
Sobre a distância entre o primeiro
disco - que gerou o hit das pistas
"(Funk) Até o caroço" - e o
segundo, BNegão faz lembrar o
lema "artista igual pedreiro",
popularizado pelo grupo
independente Macaco Bong, de
Cuiabá.
- A gente só arrumou um
empresário agora. Há pouco
tempo, eu é que marcava os shows,
arrumava as passagens, conseguia
os hotéis. Era difícil me concentrar
no disco e fazer as letras, tocando
de quinta a domingo, sem parar.
Mas acabou sendo melhor assim.
Nosso som ficou mais coeso, mais
fluido.
Dos quase oito anos com o Planet
Hemp, BNegão diz que aprendeu
muita coisa - e não foi tirar onda.
- O Planet me deu experiência com
grandes plateias. Ali, evoluí como
letrista e aprendi bastante sobre
produção vendo um craque como
Mário Caldato Jr. trabalhando.
Afinal, o som que ele produziu para
os Beastie Boys é uma referência
para o meu trabalho e dos
Seletores.

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