terça-feira, 3 de abril de 2012

Ligações perigosas-Ferrari e Sauber já têm antecedente em ajuda mútua.



Não é segredo para ninguém que a parceria entre a Ferrari e a Sauber vai muito além do fornecimento de motores. Cliente de Maranello desde 1997, a equipe suíça é quase uma filial da italiana, assim como a Toro Rosso é da Red Bull — a diferença é que a Sauber tem controle e vida próprios, enquanto a Toro Rosso é abertamente parte do grupo Red Bull.

Foi na Sauber, por exemplo, que Felipe Massa começou a carreira na Fórmula 1, em 2002. Massa correu lá por três anos (2002, 2004 e 2005) até ganhar quilometragem suficiente para assumir um cockpit da Scuderia, em 2006.

Até aí, tudo bem, uma cooperação saudável e duradoura. Mas há outros episódios obscuros nessa relação, o que levanta suspeita sobre a frase dita a Sergio Pérez quando perseguia Fernando Alonso no GP da Malásia. Tirando mais de meio segundo por volta, de repente Pérez ouve pelo rádio: "lembramos que esta segunda posição é muito importante para o time".

Isso é coisa para se falar naquela hora? O cara vinha com tudo, tinha um carro muito mais rápido, asa móvel e uma meia dúzia de voltas para tentar passar em uma pista que permite isso. Se ele estivesse na última volta em Mônaco, ok, mas não era o caso. E que equipe média não vai querer que seu piloto vá para cima tentar vencer?

Estranho, mas não incompreensível se lembrarmos de um fato marcante de 1997, exatamente o primeiro ano de parceria entre Ferrari e Sauber. No último GP do ano, em Jerez de la Frontera, Michael Schumacher, então em seu segundo ano correndo pela Ferrari, e Jacques Villeneuve, também na segunda temporada pela Williams, chegaram à pista espanhola separados por apenas um ponto no campeonato. Um ponto a favor de Schumacher, que começou liderando — o GP espanhol, aliás, foi palco de um caso bizarro: Villeneuve, Schumacher e Heinz-Harald Frentzen marcaram o mesmo tempo na classificação (1min21s072). E largaram nessa ordem, já que, nesses casos, quem marca a volta primeiro tem a prioridade no grid.

Bem, lá ia Schumacher, liderando com certa tranquilidade, até que Villeneuve começou a descontar a diferença. E eis que surge uma Sauber, pilotada pelo argentino Norberto Fontana, para tomar uma volta.

Jean Todt, então chefe de equipe da Ferrari, saiu de seu espaço no pit wall, foi até Peter Sauber e falou meia dúzia de palavras. Na época, acreditava-se que Todt havia pedido a Sauber que seu piloto nem sonhasse em atrapalhar Schumacher. O alemão passou com tranquilidade, mas Villeneuve não. O canadense ficou encaixotado atrás de Fontana por algumas curvas, perdeu preciosos segundos e teve de remar para descontar a diferença conseguida décimo a décimo novamente.

No fim, Villeneuve chegou em Schumacher e fez a ultrapassagem. Michael, como havia feito três anos antes com Damon Hill, jogou seu carro para cima de Villeneuve. A diferença é que desta vez foi Schumacher quem se deu mal, perdendo o título mundial.

Anos depois, Norberto Fontana abriu a boca. Disse que havia sido obrigado a segurar Villeneuve por algumas voltas e nem foi agradecido por isso.

Longe de mim levantar falso testemunho no caso Perez-Alonso. O erro do mexicano, que o fez perder contato com Alonso, pode ter sido realmente acidental, já que a pista ainda estava úmida. Acredito de fato nisso. Mas a "recomendação" da Sauber me pareceu clara. Perez é que deve ter dado uma de louco (ou de surdo), e está certíssimo se fez isso.

Seria a Ferrari, então, a "vilã" da Fórmula 1? Claro que não. Basta lembrar que na mesma prova de Jerez, em 1997, Villeneuve cedeu a vitória e o segundo lugar às McLaren de Mika Hakkinen e David Coulthard. Por quê? A McLaren havia prometido ajudar a Williams na briga contra Schumacher.

Na Fórmula 1, o mais santinho dá nó em pingo d'água.

300 km/h

- Acordos como os existentes entre Ferrari e Sauber sempre existiram e sempre exisitirão. Não há como evitá-los;

- Mas que a Ferrari abusa, isso abusa;

- Rubens Barrichello fez uma bela prova no GP de Alabama da Fórmula Indy, partindo de 14º e chegando em 8º. A evolução é boa.

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