terça-feira, 23 de outubro de 2012

Trio de atores interpreta o rei do baião em 'Gonzaga'

Só em dezembro o Brasil
estará comemorando o
centenário de Luiz
Gonzaga, pernambucano de
Exu que virou a própria
expressão da alma e da
identidade brasileiras.
Antes disso, já a partir de
sexta-feira, um filme
estreia em centenas de
salas de todo o País e, em
"Gonzaga - De Pai pra
Filho", o Brasil vai
encontrar não um, mas
três intérpretes de
Gonzagão. Land Vieira, o
mais jovem, Chambinho do
Acordeão, o intermediário,
e Adélio Lima, o mais
velho.
São tão perfeitos que você
será capaz de jurar que o
velho Gonzaga fugiu de
algum túnel de tempo para
comparecer à própria festa.
O mais impressionante é
que a semelhança nem é
tanto física. O formato do
rosto até é mais parecido
com o do diretor Breno
Silveira, e será o caso de se
perguntar por que ele
escolheu atores com essa
semelhança. A identidade
maior é de temperamento.
Está no gesto, na música.
Cada um tem seu grande
momento em cena - "Peste,
gosto demais de tu na hora
da despedida do pai, no
quartel", diz Adélio para
Land e o jovem Gonzaga
responde - "É, mas ali quem
é bom mesmo é o Cláudio
(Jaborandy, que faz o pai)."
Chambinho tem cenas
memoráveis, mas outra
grande cena é quando ele
volta ao sítio da família. "Ó
de casa!", chama o pai
(Jaborandy, de novo e mais
uma vez admirável). Adélio
é insuperável quando Júlio
Andrade, como o filho, Luiz
Gonzaga do Nascimento Jr.,
o Gonzaguinha, lhe atira na
cara que está por baixo.
"Você não tem o direito de
me humilhar assim", ele
diz, e você sente a dor.
Com sua sanfona, Luiz
Gonzaga, o rei do baião,
cantou o Brasil, colocou seu
amor na voz e na música.
Mas Gonzagão, como era
chamado, tão amoroso do
povo, teve uma difícil
relação com o filho, que
também deu voz e cara ao
País. Gonzaguinha o fez
num outro contexto, sob a
ditadura militar, da qual o
pai, num determinado
momento, se arriscava a
ser o bufão. Essa história
chega agora ao cinema e é
bom você ir preparando
seu coração.
Breno Silveira ama as
histórias de pais e filhos.
Você sabe disso, basta
lembrar o fenômeno "2
Filhos de Francisco" e, mais
recentemente, "À Beira do
Caminho". Há expectativa
de que "Gonzaga - De Pai
pra Filho" venha a ser
outro filme-rio, no qual
deságue a emoção do
público brasileiro.
Como cobre um período
muito grande de tempo - a
vida de Luiz Gonzaga, da
juventude à velhice, a de
Gonzaguinha, da infância à
maturidade -, "Gonzaga" faz
com que diversos atores se
revezem nos papéis. De
Gonzaguinha, você vai
reter principalmente Júlio
Andrade, tão perfeito na
recriação do personagem
que provocou verdadeira
comoção nos filhos e na
mulher do criador de
"Explode, Coração". Vai ser
mais difícil escolher o
melhor Gonzagão - Land
Vieira, Chambinho do
Acordeão ou Adélio Lima.
Três atores que criam um
mesmo personagem e
produzem na tela um
milagre - uma mesma
interpretação. É como se o
mesmo intérprete atuasse
com maquiagem. As
informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
GONZAGA - DE PAI PRA
FILHO
Direção: Breno Silveira.
Gênero: Drama (BR/ 2012,
120 min.). Classificação: 12
anos.


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