sexta-feira, 18 de maio de 2012

O melhor do Reino Unido

Um convite para uma taça de vinho inglês há alguns anos soaria como piada ou mesmo motivaria uma contraproposta irônica - digamos, uma caipirinha feita com cachaça alemã.  Apenas para desavisados, porém: as vinícolas inglesas e britânicas não apenas existem, seguindo uma herança deixada há mais de 2 mil anos pelos conquistadores romanos, como vêm ganhando espaço e respeito em mercados e paladares. Concursos internacionais, por exemplo, já tiveram espumantes Made in England derrotando competidores da França, uma das mecas do mundo das uvas. Investidores internacionais, incluindo franceses, enxergaram o potencial das vinícolas, e nos últimos meses investiram em planos de expansão da produção e aquisição de terras, sobretudo no sul da Inglaterra, região que concentra os maiores e melhores entre a leva de 400 produtores registrada no Reino Unido.

O setor de espumantes é o que tem recebido mais atenção, pois as condições climáticas de regiões como East Sussex, condado nos arredores de Londres, são propícias para as três principais uvas envolvidas na fabricação de champanhes e afins - Pinot Noir. Chardonnay e Pinot Meunier. A produção geral ainda é modesta (500 mil garrafas por ano) e o Reino Unido precisa importar pelo menos 100 milhões de garrafas para saciar a sede do mercado local. Em suas mais diversas variedades, o vinho tem ganhado cada vez mais espaço na vida e nas mesas dos britânicos, em detrimento de bebidas mais tradicionalmente associadas aos súditos da rainha Elizabeth II como a cerveja e o uísque.

Tendências como o comércio eticamente correto ajudaram a despertar a atenção do público para os produtos Made in Britain. Ao ponto de uma das principais redes de supermercados do país, o Tesco, anunciar recentemente que passará a vender pela primeira vez uma marca de espumante inglês, o Broadwood's Folly.No entanto, o aumento da demanda não ocorreu apenas entre os compatriotas: algumas vinícolas já exportam 20% de sua produção de espumantes. Além de mercados como os EUA e a Nova Zelândia, são vendidos mesmo em Paris, para o horror de bebedores franceses mais tradicionalistas.

Enólogos e analistas de mercado acreditam que, além de satisfazer paladares, o produto conta ainda com uma identidade ao estilo cool britannia como atrativo.  Outro filão que as vinícolas decidiram explorar com mais afinco é o da degustação. De olho no efeito provocado pelo filme ''Sideways - Entre Umas e Outras'' no turismo vinícola, produtores britânico abriram os portões para visitantes em busca de um gosto diferente.

Pelo menos 280 das vinícolas do país estão abertas para o público. Não raramente combinando a degustação com restaurantes caprichados e hotéis rústicos. Algumas das mais conhecidas vinícolas estão a uma cura viagem de trem de Londres. Um exemplo é a Denbies Wine Estate. Seu terreno  terreno de 256 acres não apenas faz com que seja a maior do país, mas abriga dois restaurantes e um hotel rural com vista para as Colinas de Surrey. Fica em Dorking, numa viagem de apenas 45 minutos da estação ferroviária de Victoria.

Os fãs de borbulhas devem tomar o rumo de Ditchling, em East Sussex, onde está localizada Ridgeview State. Seus espumantes frequentemente recebem prêmios internacionais e derrotam a competição francesa, ainda que custem bem menos. A vinícola pode ainda se gabar de ter sido escolhida pela rainha Elizabeth II para fornecer os espumantes do cardápio do jantar oferecido pela soberana ao presidente dos EUA, Barack Obama, durante sua visita oficial a Londres no ano passado.

Ridgeview State fica ainda numa bela área rural a apenas 50 minutos de viagem de Londres e perto o suficiente do balneário de Brighton para compor um programa ideal para um dia de sol.

Cheers!

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